segunda-feira, 22 de abril de 2013


Boné cáqui

Houve um tempo, em que os caçadores eram vorazes e seus dias eram tomados por árduas tarefas, tarefas exaustivas, que consumiam suas energias.
Neste idos tempos, havia um deles, que, num desses dias pesados, com longas jornadas de caçadas, arrastando suas presas até o vilarejo, estava exausto demais para ver sua amada. Mas ela muito fogosa e tomada por amor ardente por ele, insistiu em vê-lo aquela noite. Ele, educado e amável, dedicado a ela, respeitando os desejos femininos, cedeu aos seus encantos.
Naquela noite, conversaram, se amaram, conversaram.
Ele, já sem o mínimo de energia para sequer manter seus olhos abertos, absorvido pelas palavras meigas e suaves de sua bela amada, foi-se entregando em sono profundo, mas com os olhos serrados, quase se fechando. Ela, entusiasmada em contar-lhe sobre seus afazeres daquele dia, suas intenções com ele, as informações do vilarejo, etc, foi-se aprofundando na conversa, de tal sorte que não percebeu que ele não mais prestava atenção ao que dizia, mas apenas balbuciava afirmações em suas entranhas. Pois bem, o rapaz foi pego de sobressalto, quando, inadvertidamente, soltou as palavras “boné cáqui” no meio da explanação ardente da donzela. Ela, estupefata diante de tão estranho termo, indagou o varão sobre o significado daquelas palavras sem o menor sentido para o momento e para as colocações dela na conversa. Ele, sem ação, sem ao menos saber ter dito tais palavras, está até os dias de hoje a se indagar, que palavras seriam aquelas, ditas em um momento tão impróprio!  

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